sábado, 11 de dezembro de 2010

Presságio

Como poderia ela sentir-se feliz? Como poderia ela, naquela fria tarde de Novembro, estar bem se, lá longe, a razão do seu habitual sorriso se desfazia em risos com uma outra qualquer?
E ela sabia-o. Não literalmente mas inconscientemente. Ela
pressentia-o. Sentia-o. Ouvia-o.
Na sua mente, ela ouvia aqueles sussurros sedutores que ele proferia. Aqueles movimentos provocantes que ela executava.
Mas não. Ela não conseguia acreditar. Era só a sua imaginação e o seu medo de perdê-lo. Só isso faria com que ela imaginasse que essa outra mulher lhe colocara um pequeno papel no bolso da camisa.
No entanto, para que todas aquelas dúvidas e incertezas se dissipassem, assim que ele chegasse a casa e despisse a camisa para se deitar ela iria, discretamente, ver se o bolso estava realmente vazio.
Eram quatro da manhã e ele já dormia profundamente. Ela aproximou-se da camisa e respirou fundo. Colocou a mão no bolso a tremer. Nada. Tentou mais uma vez. Nada de nada. Sorriu. Havia sido um presentimento. Daqueles Ridiculos.

Na cama, pelo canto do olho, o seu marido observava a sua mulher a bisbilhutar no bolso da sua camisa e agradecia mentalmente por, exactamente antes de ter entrado em casa, ter mandado aquele pedaço de papel para o lixo.

1 comentário: