Sairam ao sol posto. Todas as pessoas dormiam agarradas às suas armas. Eles, em pézinhos de lã, correram o mais que conseguiam para sair daquele inferno. Inferno sim, sem sombra de dúvida. Porque foram enclausurados durante demasiado tempo. Esmagados. Derrotados.
Retiraram-lhes uma existência. A Miguel, o mais velho do grupo, retiraram a mulher e a filha. Retiraram a sua propriedade e a sua égua. Não tinha ninguém senão o seu jovem irmão. Era um jovem de 20 anos que ainda não conhecia a beleza da vida. Talvez nunca viesse a conhecer.
Gostava que ele tivesse a possibilidade de se apaixonar, que ele pudesse ver um rio a correr, e um seu filho nascer. Ver uma gazela a correr. Ver o tempo passar, com um sorriso no rosto.
Mas isso não iria acontecer. Porque um dos passos foi mal calculado e um dos seus "donos" acorda. De um salto, grita aos seus companheiros. De repente, toda uma tropa de homens está à sua volta e a rir às gargalhadas. A gozarem com o facto daqueles desgraçados pensarem que algum dia teriam hipótese de fugir.
E, naquela breve troca de olhares que antecedeu todo o horror que se iria seguir, Miguel viu a realidade. Ele não eram ninguem e não tinham ninguem. Iriam morrer sozinhos e de forma miserável.
Mais do que a dor fisica das chicotadas e dos pontapés, doi a alma. porque o ser humano é repugnante. A ele dá-lhe náuseas pensar que as pessoas conseguem chegar a este limite.
Antes de fechar os olhos para sempre, soube que com ele tinha a força de muitas pessoas. Morria com honra e esperava que isso, mais que o dinheiro, lhe desse paz.
(um pequeno apelo a estas situações que nos passam despercebidas na vida. Perder um aoutocarro não é um problema. Queixamo-nos demais por tão pouco)
claro que está optimo.
ResponderEliminarClaro que adoro.
:)
fico orgulhosa de ter uma amiga assim. :)
Continua jess.