sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Querer não é poder

Porque existem certas palavras que, sendo as mais naturais do mundo, ganham vida na boca de determinadas pessoas. E não é porque a palavra se torne, momentaneamente, especial. A pessoa que a pronunciou é que é bem mais que uma simples pessoa.
E até pode ser o mais comum dos mortais com paranóias de ser rebelde e ao mesmo tempo acanhado. Pode ser divertido e estranho, provocar curiosidade e desinteresse. Mas, naquele momento, aos nossos olhos, é alguém especial que, por um motivo qualquer, não sai do nosso pensamento a toda a hora. Por vezes é uma sensação tão agradável a de poder relembrar aquele olhar, aquela conversa ou aquele sorriso mas, outras vezes, é um verdadeiro tormento porque por mais fartos que estejamos, não conseguimos mudar de assunto neste conflito interior.
Damos por nós a tirar a mente dos assuntos importantes e a divagar em momentos fantasiados daquilo que poderá vir a acontecer. E, pior que isso, perguntamo-nos vezes sem conta qual será a opinião dessa pessoa acerca de nós. Olhar-nos-á também com os mesmos pensamentos a aflorar-lhe a pele? desejará tanto a proximidade como nós?
Desejamos que sim, por vezes parece mesmo que sim. Mas, depois, cai-se na realidade. Não. Nem pensar. São palavras simples, trocas de olhar sem significado, dias normais e aborrecidos como sempre.
E francamente, talvez seja melhor assim. Porque, dessa forma, não temos de temer qualquer tipo de proximidade que, no fundo, sabemos que não iamos conseguir evitar. Proximidade à qual não iamos saber (nem querer) resistir.

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