quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Era uma vez...

Há algum tempo atrás, havia um jovem alentejano de 17 anos – ou talvez menos – que se muda para o Algarve com os pais e a irmã, à procura de melhores condições de vida.
Algum tempo depois conhece uma jovem rapariga, um ano mais velha que ele, que é bonita, interessante e simpática e fica rapidamente interessado nela. Essa jovem era bastante difícil de conquistar mas, semanas depois, acabam por se envolver. Após ter conseguido fazer com que ela baixasse a guarda, percebe que também ela o ama. Não namoram. Têm uma relação um pouco estranha: Encontram-se sempre que podem, envolvem-se, mas nenhum deles assume tal como sendo um NAMORO.
Meses volvidos, acontece uma coisa que lhes vai alterar tudo aquilo que tinham planeado para o futuro: Ela engravidou. Ela queria abortar. Era nova demais para ser mãe. Mas, ele, romântico e sonhador desde sempre, decide assumir a responsabilidade e pede-lhe que tente. Pede-a em casamento e vão viver para a casa dos pais dele. Meses depois nasce a pequena menina. Ele tinha nessa altura 19 anos.
A responsabilidade de ser pai, marido e de já não poder ser mais o rapaz que sai e se diverte com os amigo envolve-o. Ela, que nunca teve grande noção de responsabilidade, é uma pessoa nervosa e nada do que ele faz a deixa satisfeita. E ele esforça-se, – Caramba, se se esforça… - dá o melhor que tem para fazer felizes as mulheres da sua vida: a sua mulher e a sua filha.
Farto de chegar a casa e levar nas orelhas por coisas mínimas, começa a ficar no café da zona com alguns dos seus amigos. E começa a chegar bêbado a casa… Uma vez, outra e outra. A sua mulher grita-lhe, obviamente, deixando a criança aterrorizada. Ele apercebe-se de que o sonho cor-de-rosa que imaginou, não se assemelha nada à realidade. Sente-se um falhado, um inútil, um triste.
Anos depois, entre tantos desacatos e reconciliações, separam-se de vez. Ele ainda a ama. É com ela que sonha, é ela quem ele quer para o resto da vida mas, ele sem saber, tornou-se alcoólico. Aquilo que era antes um refugio dos seus problemas tornou-se no seu problema. A sua filha, agora com 7 anos, vê no seu pai um ídolo. Porque a pequena criança sabe que quando o pai não está bêbado é divertido, querido e que lhe dá o que pode para a fazer feliz. Mas a revolta dele devido à perda da sua mulher, torna-o violento e desinteressado. Grita à pequena quando ela lhe diz que quer que ele deixe de beber e começa a faltar ao trabalho.
Presentemente, nada melhorou. Os pais dele estão fartos de tentar ajudá-lo mas ele diz que não tem problema nenhum com o álcool e que deixa de beber quando quiser. A filha, com 16 anos, vê-o todos os dias à porta do café com uma cerveja na mão e acenam-se. Ele não trabalha, não fala com a filha, – sem contar com o pequeno aceno diário – e não fala com os pais. Tornou-se num completo viciado pelo álcool. Parece não dormir ou comer, parece não pensar em mais nada para além daquilo. Mas pensa, claro que pensa. Sofre em silencio todos os dias pela mulher que ainda ama e que perdeu por SUA CULPA, sofre por não assistir ao crescimento da filha como ambicionara, sofre por magoar os pais e por não ser ninguém na vida.
Se ele soubesse como a sua filha o adora. Se ele conhecesse minimamente aquilo que ela sofre por vê-lo assim. Ela sonha muitas noites com ele porque o que mais a magoa nesta vida é ver o seu pai e sentir que não o conhece e que, possivelmente, não vai conhecer. Mas, se o preço pela cura dele fosse nunca mais voltar a vê-lo na vida, ela preferia nunca mais o ver mas saber que, nesse local do mundo onde ele se encontrava, ele estava feliz, curado e que se tinha perdoado a si próprio.
Parece que certas histórias não têm finais felizes.
[ adoro-te meu pai, independentemente de tudo e para sempre]

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Nós

É esta palavra e o que ela representa que eu nao quero perder. Os momentos que ela em si carrega são demasiado preciosos. As vivencias que com ela aprendi são inesqueciveis.
Mas... Por vezes pesa. Porque carrega mágoas, porque carrega dor, porque carrega partes da tua personalidade que eu não consigo suportar. Nós. Por ti está tudo certo; o problema é quando chega o meu individualismo, a minha liberdade que tu nao toleras. Para ti é simples... Ou nós ou eu... Para mim, a escolha está perto de ser tomada e aposto que não te vai agradar.