segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O mar...




Olho o mar. Aquela água toda junta... Aquele céu que nos gosta de confundir e faz-nos pensar que lhe toca.
Mas não toca. Porque são de locais distintos. Porque um nunca poderá contemplar o outro no seu mais perfeito estado.
O céu é muito mais profundo que aquele azul ténue que nos parece daqui de baixo. Tem momentos mais obscuros e linhas mais confusas. Contém muito mais que o vazio e, no entanto, é leve... tão leve. Tem com ele a pureza do ar, das estrelas, da lua. De lá de cima, tão distante, não deixa nunca de reparar no seu reflexo no mar... Como isso torna o oceano belo... Porque, na realidade, eles se completam, eles são parte um do outro. Sem nunca mesmo se verem no seu todo, sem nunca se poderem tocar.
E o mar? O mar vive atormentado. O mar está desesperado para que algum dia consiga sentir aquele azul profundo enlaçar-se nas suas águas, nas suas ondas. Mas sabe que tem de se preocupar com outras coisas. Sabe que tem outras vidas que dependem de si. Demasiadas, por vezes.
Então qual é o ponto final? Qual é a ideia de se quererem tanto? Existe algum propósito nisto? A não ser a dor que isso traz? A não ser a revolta que os faz transformar belos dias em tempestades e maravilhosas noites em desgraças?
Sim... Talvez até se perceba. Porque, no final de contas, existe sempre a esperança, como se costuma dizer.
Ou talvez não. Afinal de contas, qual é o propósito de ter esperança em algo que é, pura e simplesmente, impossivel?
Ho... Claro... "Essa também é fácil. É o amor. O amor. Sempre foi e será o amor.", mermura-me o mar. Ou o céu. Ou talvez seja apenas a minha mente.

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